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REGRAS NOVAS, JOGADORES ANTIGOS – CARLOS PARENTE E LEONARDO BARRETO – ED. ABERJE
21 de março de 2023 das 18:00 as 21:00
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Em Regras Novas, Jogadores Antigos, Leonardo Barreto e Carlos Parente mostram como as atuais relações sociais, culturais e econômicas estão mudando o “jogo” da democracia no Brasil e no mundo. O livro nos instiga a pensar principalmente a ideia dos jogos na relação de poder. Jogos não são guerras; eles são arbitrados por instituições que apresentam, estabelecem – ou impõem – as regras. Vale lembrar que em uma sociedade democrática o resultado da partida não é estabelecido de antemão. Os jogos apresentam ideias de simetria e assimetria. Em termos de simetria, é preciso que as regras sejam verdadeiramente novas – e essas novas regras exigem novos protagonistas. Como salientam Barreto e Parente, “a combinação mais perigosa que existe é a de regras novas e jogadores antigos. Note-se que a palavra ‘regra’ é usada aqui em um sentido amplo para designar mudanças significativas que exigem adaptação dos atores, sem a qual eles não sobrevivem”. Nesses jogos o resultado ainda depende de quem está dentro do campo, mas depende muito dos que estão na “torcida”. Os jogos antigos bene ciavam os que estavam nos camarotes; na nova assimetria eles beneciam o camarote, mas também a arquibancada. E temos o componente simbólico, no qual os jogos representam desejos, interesses e emoções que contextualizam sua realização. Hoje o certame conta com jogadores cada vez mais heterogêneos cuja in‑ uência tem forte impacto no resultado. Uma ilustração disso é a subida da rampa do Palácio do Planalto feita por diferentes protagonistas até então preteridos. Se no jogo antigo o resultado era imposto, hoje há temas novos, mas que na verdade sempre estiveram aqui, como a desigualdade que começa com o primeiro indígena massacrado e o primeiro africano que aqui chegou escravizado.
É inevitável que o tema nos lembre os poemas de Walt Whitman, o poeta da democracia norte-americana, em seu Folhas de Relva. Nós, assim como vários de seus poemas, somos como folhas de grama que se entrecruzam. Sua ideia de democracia remetia a que todos tivessem, como as folhas de relva, a mesma altura, mas, à medida que o vento bate na relva, cada uma balançaria de forma diferente. Que consigamos entender as novas regras para nos tornarmos melhores jogadores, melhores árbitros e melhores torcidas.
PAULO NASSAR