- Este evento já passou.
DICIONÁRIO CÍNICO DAS PALAVRAS DA MODA E AS CASAS DO SUL E DO NORTE – ADEMIR LUIZ E SOLEMAR OLIVEIRA – ED. BULA LIVROS
17 de agosto das 16:00 as 19:00
Evento Navegação
O “Dicionário Cínico das Palavras da Moda”, inspirado no lendário “Dicionário do Diabo”, de Ambrose Bierce, é uma obra de humor que analisa o labirinto semântico das palavras e expressões do atual cenário linguístico global.
Com coragem, o livro mapeia palavras e expressões que dominam o nosso cotidiano e revela seus significados reais, sem medo de enfrentar quaisquer patrulhas ideológicas ou ameaças de cancelamento. O objetivo não é agradar ou acalmar, mas sim desafiar e provocar, sem perder o senso de humor e a ternura.
Parece-me que a literatura ficcional goiana, em especial aquela de tradição fantástica, vive atualmente uma renovação de fôlego. Seja pelas mudanças no mercado literário e nos meios de divulgação, seja pelo esforço de entidades mobilizadoras e agitadoras de cultura, seja porque nós goianos decidimos abandonar nosso ensimesmamento e escrever mais, a verdade é que muito tem sido publicado; muita coisa medíocre, bastante coisa ruim e alguma pouca coisa muito boa. O livro a que esta orelha vai atada consta, indubitavelmente, neste último grupo. E, acredito, coloca Solemar Oliveira como um dos nomes inescapáveis na lista da melhor literatura goiana atual.
Vencedora da Bolsa Hugo de Carvalho Ramos, a obra As casas do Sul e do Norte é composta de 14 contos que misturam estilos, gêneros e perspectivas literárias. Alguns, como o conto homônimo e os dois excelentes contos finais, compartilham certa qualidade telúrica, certa dignidade épica, e sua leitura demora a nos abandonar, mesmo após as últimas frases. Outros compõem labirintos referenciais que homenageiam a literatura, os escritores e os bons vinhos (algumas vezes os vinhos maus). Seus personagens parecem viver no frágil equilíbrio entre o fatalismo diante da própria incapacidade de sucesso e a necessidade de agir num mundo que, quase sempre, é por si fatalmente improvável; são pistoleiros, detetives particulares, cientistas obcecados, deuses especulativos. A religião, a física acadêmica e a especulação intelectual são constantes; ora se costumam enfrentar, ora se imiscuem tacitamente em narrativas de estranhamento. Em todo caso, trespassa o livro a voz límpida de seu autor, dando-lhe estilo e gosto particulares e tornando a leitura uma experiência intrigante.