Essenciais para desenvolvimento mental, coordenação motora e para saúde, a atividade física e os esportes inspiram muitos livros e uma programação especial para a criançada no Férias na Vila
*Matéria publicada na revista Vila Cultural 165 (janeiro/2018).
O projeto Férias na Vila apresenta entre os dias 12 e 28 de janeiro, sempre de sexta a domingo, uma série de atrações que querem evidenciar o quão a atividade esportiva pode ser uma experiência transformadora na infância. Com o tema É hora de se mexer, o propósito é sugerir à garotada, em épocas de tantos atrativos digitais e tecnológicos, que o esporte e a atividade física continuam sendo primordiais para o desenvolvimento da mente, da coordenação motora e da saúde, além de aprimorar aspectos sociais, o equilíbrio e bons hábitos que podem – e devem – durar uma vida inteira.
“O mais importante hoje é a que a criança associe a ideia de atividade física à diversão, resgatando o aspecto lúdico da prática do esporte. Todos os outros benefícios vêm juntos: a disponibilidade para socializar e o interesse por novas experiências, a descoberta de que há muitas outras possibilidades de se divertir sem necessariamente precisar de jogos eletrônicos ou do computador. Outra questão importante para pais e adultos é identificar o gosto e a aptidão da criança para trabalhar a motivação dela. Não adianta o pai querer que o filho pratique futebol só por que ele, pai, é fanático pelo esporte. Se o menino ou a menina prefere outra modalidade, faz toda a diferença entender e respeitar isso para então incentivá-los”, afirma o professor de educação física Vinícius Ferreira, diretor da Royal Cycle, escola de ciclismo que ensina crianças e adultos desde o aprendizado básico para pedalar até técnicas avançadas para ciclistas que participam de competições.
Tão importante quanto identificar aptidões e preferências é permitir, como dizem os especialistas, que a criança experimente e descubra testando, conhecendo novidades. Se algum dia, portanto, o filho se cansar da aula de natação ou de tênis, pedir para parar porque optou pelo caratê, o melhor é que os pais incentivem, já que quanto mais experiências a criança tiver e quanto mais esportes conhecer, muito maiores serão as chance de encontrar o que mais lhe agrada e continuar se mexendo.
“Costumamos dizer também que há duas práticas esportivas que estão ligadas à ‘sobrevivência’, inclusive na infância. A natação, que é importante aprender o quanto antes, e o ciclismo, já que para as crianças aprender a pedalar de forma correta equivale, guardadas as devidas proporções, à carta de motorista para um adulto. Dá autonomia, liberdade, segurança e equilíbrio – literalmente. Às vezes significa garantia de inclusão em grupos também. A criança que vai para uma colônia de férias sem saber pedalar, por exemplo, corre muito o risco de se sentir excluída e isso não vai ser bacana”, diz Ferreira.
Tema que tem inspirado uma infinidade de títulos para públicos diversos, o esporte também é destaque entre autores do segmento infantojuvenil, além de render biografias, perfis ou histórias de ídolos e esportistas de diferentes modalidades como o surfista e campeão mundial Gabriel Medina ou a nadadora e medalhista olímpica Poliana Okimoto. Criadores como Mauricio de Souza ou Ziraldo, cujos personagens encantam crianças há várias gerações, não abrem mão de colocar o contexto esportivo como porta de entrada para aventuras infantis. Do Menino Maluquinho à turma da Mônica, todos os personagens têm lá seu momento atlético. Em O livro dos esportes olímpicos, por exemplo, Mauricio de Souza apresenta um almanaque que trata desde as origens gregas das Olimpíadas até as informações básicas para entender modalidade por modalidade, reunindo ainda curiosidades inacreditáveis da história do esporte.
“Outra questão importante quando falamos de esportes na infância é que não dá para esquecer que crianças são ‘esponjas’ dos hábitos dos pais. Do mesmo jeito que é improvável que o filho seja um leitor se nunca viu os pais com um livro nas mãos, os pequenos não vão se interessar por esportes se não tiverem referências próximas, ou seja, se os pais não tiverem o hábito de praticar atividades físicas. Por causa de todas essas questões e em especial pelo uso da tecnologia e pelo excesso de alimentos processados disponíveis, hoje são alarmantes os índices de obesidade infantil”, diz Vinícius Ferreira. Fica combinado então que em janeiro, entre livros e muita brincadeira, ninguém vai ficar parado.