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AMORMORTAL, CONTOS QUE VIVI E COISAS DO MEU CASQUEIRO – CARLOS R. HOJAIJ – INDEPENDENTE
20 de março das 19:00 as 21:30
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Viajando e conversando, aprendendo e compreendendo, quanta coisa vai acumulando em sua longa trajetória. Ouvindo e clareando em seu recanto de trabalho, colhendo experiências em clínicas e hospitais, quanto da existência de outros também o inspirou na formulação destes contos que viveu. Fica-se a pensar quantas outras histórias teriam sido registradas e por restrição de tempo não puderam se tornar estórias para nosso deleite. Há em cada conto mensagens de vida. No “Trem”, a variada jornada e os diferentes destinos de cada um. “Bonafide” é levado ao regulado dia a dia de vida asséptica, analgésica e incipiente, verdadeira expressão do politicamente correto. “Profetisa”, quem diria, revela dos outros possível vida futura para consolo deles e remediação de sua culpa. “Gioconda”, mais do que seu sorriso, esconde multidão de mensagens que somente olho agudo e fino de estudioso poderia nos trazer. Reconciliação familiar bem pode acontecer em funeral dos primeiros que antes se foram, nos diz a “Reunião das cinzas”. Um pouco de história medieval alimenta a aventura dos “Crocodilos” da bela Sicília. Quanto de existência juvenil maravilhosa pode resistir ao tempo no conforto de uma “Poltrona”? Qualquer objeto de produção humana encontrado em deserto de extensa praia nos leva a muita indagação; resposta imaginária ou real estaria contida na “Garrafa”? Uma história pavorosa que por dias assombrou o mundo todo para demonstrar a esperança e o conhecimento do homem recuperando a vida e o destino ironicamente preparado ao “Pequeno Alfredo”. Com obediência e dedicação, o muito cordato “Quintino” segue conselhos para educar seu maravilhoso animal de estimação, com muito sucesso, ao menos para seu cão. “Sávio” provou que, hoje em dia, contra os geniais jovens ninguém pode mais. Em noite de tempestade surgiu linda “Lua oval” para destruir sequência de gerações de família de nome e profissionais irreparáveis, imutáveis; que revolução! De um médico, não faltou a estória do saudável “Ernesto”, que um dia sentiu-se muito ansioso, pois fora inesperadamente chamado a voltar para revisão de consulta que tivera no dia anterior; e assim começou atribulada jornada no intricado sistema contemporâneo da fria burocrática medicina. Pode-se dizer que em Contos que vivi há pelo menos um conto para cada gosto. |
Tudo começa por acaso. Um pneu furado, visita despretensiosa ao cemitério da pequena cidade, encontro fortuito, uma curiosidade inerente ao viajante e contato transbordando em empatia. Tudo começa sem parar, mas com alguns tentando tudo parar, e segue assim até certo ponto, onde parece haver compreensão completa. O que de início sugere unicamente romance policial, na sequência dos acontecimentos estendendo-se por várias décadas, ao redor e em sequência ao crime desdobram-se vertentes paralelas, aspectos de muitas outras pessoas, próximas e distantes da jovem de tão curta vida. O Autor utiliza descrições objetivas, informações históricas sobre fatos diversos, referência a documentos, mas o método principal do texto funda-se em exposição das experiências vividas por algumas das personagens. Cada uma destas figuras fala vivamente, trazendo à tona perspectivas particulares, retrato de pensamentos, sentimentos, traços de personalidade, projetos de vida e a cultura predominante à época do crime. Daí nos defrontarmos com muito da variedade humana: da bondade à maldade, do altruísmo à perversidade sistemática, da fé ao desespero, da paixão ao ódio, da coragem à tibieza, da solidariedade à traição premeditada, da inocência à manipulação, e corrupção institucional. Sem muita pretensão, mas com vigor, quase sendo um libelo, no pano de fundo deste livro denso se leem denúncias de sistema insidioso e, por vezes, sutil regulação e supressão da individualidade e liberdade de muitos. Ao que parece, na essência da vida, amor e morte correm paralelamente. |
Chega um tempo em que as coisas lá jogadas no baú começam a reclamar presença antes que outros dela definitivamente se esqueçam. Uma espécie de compromisso consigo mesmo e respeito a muitos forçou o Autor a debruçar-se sobre montanha de papéis, livros, documentos, fotos, artigos, cartas e outras coisas mais, acumuladas em numerosas décadas de vida própria. O que fazer? Impossível tudo trazer à luz e oferecer espaço aberto e arejado. A cada coisa mantida à vista para mais detalhada reflexão havia o desgosto de lançar de volta ao casqueiro muitas outras certamente preciosas. Foi um tal de reviver com alegria e dor ao longo de numerosos meses. Chegou um ponto em que o Autor observou como tanto de passado feito presente limita a existência e representa risco de reduzir seu tempo adiante. Este ponto crucial determina nova revolução interna a não permitir nostalgia duradoura sob o risco de tornar-se paralisante melancolia. Mas na vida tudo é seleção, desde que tenhamos a liberdade de ver, pensar e decidir. Este princípio foi o escopo principal deste livro: liberdade. As páginas expressam a força natural da vida e a cotidiana presença existencial em seu sentido maior de afirmação no mundo e em meio aos outros. Para o Autor, este sentido maior é paixão. Se liberdade foi o objetivo da jornada, o motor constante deste movimento foi paixão. Como bem disse, “sem paixão não se vive”. Seu pot-pourri de memórias traz precioso desfile de pensamentos e comentários finos, cultos, belos, sarcásticos, inflamados, inusitados, arrojados, intrigantes, desafiadores, corajosos, etc. Em confidências encontramos parte de sua vida pessoal, discretamente preservada até então. E depoimentos públicos e homenagens a alguns poucos com quem teve privilégio de compartilhar preciosas etapas de suas vidas. Uma confissão autorizada a ser mencionada: seu casqueiro não foi suficiente de tudo acolher, e este livro sai com a dor de muito ser deixado a se perder na implacável velocidade a nós imposta pelo deus Tempo. Uma vida só é muito pouco a quem muito quer viver. Camille Drach Hojaij Este livro, Contos que vivi, juntamente com Coisas do meu Casqueiro e AMORMORTAL, são suas primeiras obras não científicas, publicadas simultaneamente. Representam o culminar de oitenta anos de existência repleta de conquistas e realizações pessoais e profissionais. Durante esse tempo, testemunhou a complexidade da vida e |