

23 de junho das 18:00 às 21:00
Quando Martha desceu as escadarias do colégio da Av. Higienópolis e pegou um táxi que a levaria para a sua nova casa, já sabia que estava entrando num mundo totalmente desconhecido. Martha era o seu nome cristão, não o que sua mãe escolhera. Ela se chamava Chaia Ozmo e nascera numa pequena vila do Império Austro-Húngaro. Com a morte da mãe, a criança e o pai — um músico judeu de grande talento e poucos recursos — abandonaram a Europa e se instalaram em São Paulo. Quando o pai morreu repentinamente e ela ficou sozinha, ainda criança, e foi adotada pelas irmãs do Colégio Sion. Lá a irmã Pauline, uma freira francesa, se apegou à órfã desamparada e se tornou sua orientadora e confidente.
Quando saiu do colégio, Martha arranjou trabalho numa loja de música da rua São Bento. Foi lá que conheceu Augusto, um advogado filho de fazendeiros de café. Na Capital, que crescia com rapidez e atraia gente do mundo todo, o relacionamento que se estabeleceu entre eles transformou a sua vida radicalmente. Porém, na madrugada de 5 de julho de 1924, a rotina da metrópole foi quebrada com violência. Militares rebelados dispararam os seus canhões contra a cidade. Em represália, São Paulo foi severamente atacada pelas forças do governo federal e bombardeada continuamente durante três semanas.
Por caminhos diversos, Martha, irmã Pauline e Augusto enfrentam juntos esses dias tumultuosos em que a revolução tomou conta de São Paulo.