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DE THERESIENSTADT AO BRASIL DE HOJE – SELMA CIORNAI E GLADYS AJZENBERG – ED. WAK
6 de outubro de 2022 das 19:00 as 21:00
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Em 1942, Friedl Dicker Brandeis, professora de arte e artista do movimento da Bauhaus, foi levada ao campo de concentração de Theresienstadt na Tchecoslováquia. Podia levar uma maleta, e a encheu de materiais de arte, que intuía que iria utilizar não só para seu uso pessoal, mas também com as dezenas de crianças que ali se encontravam. Durante os dois anos em que lá esteve, atuou como professora de cerca de 600 crianças e adolescentes, a maioria delas brutalmente separada dos pais. Guardou os mais de 3000 trabalhos de arte feitos pelas crianças em duas malas, pedindo a uma pessoa que os escondesse até o final da guerra. Em outubro de 1944, os nazistas a deportaram para Auschwitz. Três dias depois, foi assassinada nas câmaras de gás. Tinha 46 anos. Seu legado é parte da história da Arte-Educação e da Arteterapia. Ensina-nos como a Arte pode exercer a função de prover resistência, transcendência e sobrevivência emocional àqueles que sofrem situações traumatogênicas.
Este livro propõe uma ponte imaginária e transtemporal entre a experiência de aulas de Arte vivida por jovens adolescentes nos anos 40 no campo de concentração de Theresienstadt e as experiências de trabalhos desenvolvidos, aqui, no Brasil, com jovens adolescentes da mesma faixa etária, que vivenciam situações de desigualdade e vulnerabilidade social em condições psicossociais absolutamente desestruturantes. O objetivo desta obra é mostrar que estas pontes no tempo e no espaço ocorrem, e paralelos podem ser intuídos e tecidos como um delicado tear invisível condutor de identificações, espelhamentos e empatias. Nosso intuito ao compor este livro foi o de deixar um registro de como a Arte, especialmente quando guiada por profissionais sensíveis e conhecedores da sua possibilidade de promover a expressão da sensibilidade, dos sentimentos e das percepções de cada um, pode incentivar a imaginação, a criatividade e a comunicação inter-subjetiva. Mas, muito especialmente, a Arte tem a potência de promover, por meio destes processos, a esperança e a resiliência individual e coletiva, como aconteceu em Theresienstadt e como ocorre nos maravilhosos trabalhos desenvolvidos aqui no Brasil, descritos neste livro.