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2 de fevereiro das 14:00 às 17:00

ELIAS SONHADOR – AUDREY LANDELL – ED. INDEPENDENTE
A obra que o leitor tem em mãos constitui um operador de mediações. Resultado de um trabalho coletivo engajado em tecer o fio da continuidade de uma pessoa, dando-nos a ver sua arte de existir. Este fio se enrola nas pontas de seus dedos ao se enredar nessa trama de _estórias__ sonhadas e vividas. Eu não conheci Elias em vida. Não frequentei suas fogueiras, não partilhamos sonhos e não tive a chance de testemunhar as metamorfoses de sua casa. E então toda essa _estória_ passou a me povoar, como memórias de encontros que não vivi. O convite de Audrey para elaborar *este pequeno texto,* chegou-me no exato momento em que eu refletia sobre o que me parecia mais assustador em relação à morte: o desligamento das redes de afeto. E me indagava sobre como seria possível aos mortos seguir formando vínculos e devir-vivos por outros meios, vozes e corpos. Bem, este livro é uma possível resposta a essa questão. Escrever é um ofício têxtil que se inicia antes, muito antes do momento em que as mãos que se põem a trabalhar. É um sentar-se em roda com outras e outros, humanos e não humanos, vivos e não vivos, matérias do existente a compor a dança cósmica e onírica do real. E então corporificar o tempo na tessitura verbal, enovelando-se nessa vasta comunidade de linhas de vidas em atos que costuram as presenças. E afirmar que “sim, é possível continuarmos aqui”. Eu tampouco conhecia quase nenhum dos amigos que colaboraram nessa tapeçaria de imagens e escritas, mas posso dizer que agora sinto-me parte dos rituais de lua cheia que aconteciam na casa viva de Elias. E simpatizo com sua existência radicalmente processual. Converso com suas imagens e as memórias encarnadas nos depoimentos daqueles com quem ele mundificou. Então essas estórias podem nos preencher de sentidos, valores e mensagens… assim como o fazem os sonhos. É preciso inventar instrumentos de mediação para dar voz e lugar de existência aos sonhos dos mortos. Um livro pode ser um poderoso dispositivo metamórfico, uma crisálida de sons e silêncios. E quando a materialidade dos corpos houver se tornado poeira dispersa no infinito, haverá ainda as ressonâncias encarnadas nas superfícies das páginas e nas relações. Talvez a eternidade seja uma tarefa manual a que devemos nos dedicar — um “aconTecer”. Ouço ainda o crepitar de uma fogueira que nunca presenciei e partilho de um passado que se torna atual. Percebo, agora, como uma vida pode se prolongar em outros e seguir formando um presente. Convido, então, o leitor a entrar nessa roda e sonhar conosco. E que os sonhos nos realizem.
Detalhes:
Data:
2 de fevereiro
Hora:
14:00 às 17:00
Telefone:
(11) 3814-5811
Local:
Fradique
Rua Fradique Coutinho, 915 - Pinheiros
São Paulo, São Paulo 05416-011 Brasil