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PEDRA ANTIGA DA TRISTEZA, PEQUENO INVENTÁRIO DE PLANTAS IMAGINÁRIAS, ERA UMA VEZ UM MÊS SEIS E AVÔA – ANA PAULA MOREIRA, VALÉRIA TOLOI, YAN REGO E RONALDO FERNANDES – ED. CLARABOIA E ED. PARAQUEDAS
29 de abril das 18:00 as 21:00
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“Pedra antiga da tristeza” reúne histórias de gentes que se cruzam para compor esse romance contemporâneo. O ponto de encontro das vozes marginais é o Clube de Danças, um Salão por onde bailam a dançarina, a cozinheira, o sexo que se vende, o mistério, os homens que machucam, o tempo que não espera, e, sobretudo, as dores incuráveis com as quais se aprende a viver.
Ana Paula Moreira expõe as mazelas dos abandonos da vida nas frestas de uma narrativa construída para desafiar o leitor, tanto em conteúdo quanto em forma. Seus códigos de linguagem são como segredos contados ao pé do ouvido: envolventes como Das Dores, a personagem que é o próprio Salão, para onde convergem e de onde se expandem os outros personagens que orbitam Sasha Vânia.
“Um herbário. Um bilhete de amor e alerta
para o tempo no qual vivemos. Fragmentos
de discursos da mínima vida. Uma lista
na qual se enumeram os afetos: todos
eles, spinosamente falando. É disso
que trata esse Pequeno inventário de
plantas imaginárias: da voz (que nem
sempre estamos aptos a ouvir) do mundo
e dos seres que nos cercam e da voz
(que nem sempre queremos escutar) que
é nossa, subjugadas todas pelo peso do
capitalismo, do Antropoceno e de todas
as invenções que roubam potência da
vida. Mas Valéria Toloi semeia, rega,
colhe e com a força delicada de um olhar
que não se perde, conclama a escutar
o que diz o mundo em sua poética.
E é bonito. Muito bonito, garanto.”
Micheliny Verunschk é escritora.
“Descobri Yan Rego em um concurso de contos. Nas primeiras páginas, já sabia que seria premiado. Não é todo dia que encontramos uma voz tão singular e intensa, capaz de extrair beleza até dos cantos mais obscuros da vida.” Giovana Madalosso é escritora.
“A voz das ruas, os pontos de macumba e a leitura dos clássicos marxistas, a falta de grana e a vontade de viver demais, tudo junto e misturado à busca por um dialeto próprio em um país em convulsão: o resultado é um texto hipnótico, que ginga enquanto informa. Coisa rara, de quem tem faro fino, olho vivo. E é todo ouvidos.” Ronaldo Bressane é escritor.
Como foi para você junho de 2013? Bom, para os personagens dos contos deste livro foi um mês bem intenso, que não passou despercebido. Em qualquer lugar dos cenários criados pelo autor estão reverberando as consequências das decisões tomadas sob influência daquela atmosfera estranha, de onda gigante se formando na praia pronta para te dar um caldo sem você perceber. Ninguém saiu ileso daquele mês. Nem país nem pessoas. Nem realidade nem ficção. Era uma vez um mês seis em treze histórias brasileiras multifacetadas, lados do mesmo caleidoscópio. Era uma vez narradores combativos. Era uma vez um eu lírico da língua afiada. Era uma vez um escritor chamado Yan Rego.
Este é um livro com memórias que deságuam em poemas. Ronaldo tece sua história relembrando a vida no interior do Pernambuco, a relação com a avó e com a mãe, a vinda para a cidade grande, a relação como filho e como pai, a vontade de experimentar o corpo no teatro, a sexualidade que pulsa sem preconceito, a confiança absoluta na arte e nós somos convidados a acompanhar o autor em cada acontecimento, em cada página. Nessa dança do cotidiano, Ronaldo conduz o leitor com a intensidade de alguém que se provoca ininterruptamente, e com a generosidade de quem partilha o coletivo.
Sigo resistindo às vitórias, às perdas, aos ganhos, aos fracassos, às lutas cotidianas. E, vivendo, vou tentando ser o homem que consigo: o pai disponível, o companheiro legítimo, o artista sincero, o executivo humano, o poeta em construção. Pisquei e lá se foram cinquenta anos. A vida é bela, Só nos resta viver, já nos cantou a Angela RoRo. Ao homem que me tornei, agradeço.