Esta coletânea, composta de quatro capítulos de diferentes autores, tem como objetivo confluente esclarecer as redes de contradições que constituem o tecido dos conflitos amorosos, especialmente aqueles que resultam em sofrimento feminino. Os autores também empenham-se em desembaraçar os equívocos do senso comum sobre o que denominamos amor. Folheando esses textos o leitor se encontrará com uma análise de perspectiva relacional, isto é: uma análise não polarizada que leva em conta o lugar de cada um dos parceiros íntimos no discurso e na prática das relações conturbadas. Nesse lugar, quando se leva em conta os desígnios da paixão e as inconfessáveis escolhas do inconsciente, não existe nem culpado nem vítima, nem dominante nem dominado. Porém não raramente alguns, embevecidos pelo láudano do discurso, revidariam: “Isto não é amor”. Deste paradoxo, e das contradições que ele implica, tratamos nos três primeiros capítulos. O capítulo quatro destaca algumas reflexões sobre a condição feminina a partir de romances do século XX e XXI, revelando que as escolhas, o livre-arbítrio e a racionalidade das personagens traçaram para elas destinos mais promissores mas não por isto mais fáceis de serem conquistados. Estas páginas testemunham a trajetória clínica e docente, teórica e prática, dos autores. Percorrendo-as o leitor poderá constatar o esforço contínuo para o desenraizamento das intolerâncias ideológicas, da refração do patriarcado, da analítica jurídica e sobretudo o afastamento do pensamento único que reduz o corpo, o psiquismo e o desejo a uma construção histórica.