A força do acolhimento

Temos um novo presidente da República. Não sei quem é, pois escrevi este editorial três dias antes das eleições.

De qualquer forma, meu assunto não versa sobre os próximos quatro anos, não por falta de preocupação, mas porque o que gostaria de tratar aqui sai da esfera política para entrar na relação entre pessoas.

Não conheço uma pessoa sequer que não vivenciou as consequências da tal da polarização que dominou todas as formas de comunicação, no País inteiro, durante meses.

Amizades de vida inteira tiveram fim, brigas familiares que deixarão marcas, desprezo, agressões, arrogância, nariz torcido, ou empinado, certezas absolutas, preconceitos e nervos à flor da pele.

Nas campanhas para governador prevaleceram as acusações mútuas, incansáveis, de como o outro não serve para o cargo. Não consegui captar o que cada candidato, afinal, propunha para o Estado onde habito (no meu caso, São Paulo).

Para presidente, embora as críticas de um contra o outro também existissem, sabia-se quais eram as propostas de governo.

A favor ou contra, indignados ou não, pelo menos as plataformas estavam à disposição de quem quisesse ler. Seja para reforçar a sua posição, seja para mudar de opinião. Democraticamente.

Circulou nas redes sociais um vídeo que talvez resuma o que tentei manifestar até agora. Anunciava-se como “Comunicado Importante” e trazia o seguinte texto: “Quem ainda não brigou com amigos ou familiares por questões políticas, lembre que esta é a última semana para fazê-lo”.

Pessoalmente, considero que fazer piada de coisas sérias é uma dádiva. Permite que retomemos nosso foco no que é verdadeiramente importante (há algo mais importante do que fortes e duradouras relações humanas?) e nos afastemos um pouco, até para enxergar melhor, do que pode até nos afetar, mas não criará marcas permanentes em nossa alma. Ou não deveria.

Portanto, recomendo muita força a todos nós e que saibamos valorizar o que nos move e, principalmente, quem nos acolhe.

Boa leitura.
Abs. Samuel.