

31 de outubro das 18:00 às 21:30
CINEMA NA REVOLUÇÃO ESPANHOLA | PROUDHON: GUERRA, ANARQUIA, REVOLUÇÃO – GUSTAVO VIEIRA | DIEGO LUCATO BELLO – ED. INTERMEIOS
A revolução libertária na Espanha proporcionou a realização de um cinema que vai além da arte convencional: um cinema que se entrelaça com a vida e com o imaginário, capturando o inquietante, o estopim da revolta que inflama as práticas de liberdade. Trata-se de uma arte insurgente, que encontra seu espaço de rebeldia, para abrir percursos de invenção e experimentação. Os anarquistas lutam pela vida livre de hierarquias, e de governos, evitando projetos ou caminhos pré-determinados, em favor de percursos e resistências inéditos.
Os filmes realizados por eles durante a Revolução Espanhola, de forma semelhante aos seus escritos, relatos, publicações, associações e escolas antidisciplinares, constroem uma cultura libertária em combate ao Estado, à propriedade e aos padrões estéticos estabelecidos para serem respeitados de modo obediente.
As imagens produzidas no fervor revolucionário atravessam a opacidade da tela de projeção e impulsionam a vida daqueles que buscaram e seguem buscando fazer a anarquia no presente.
Desde meados da década de 1840, Proudhon se deixou permear pelas invenções dos produtores, que potencializavam suas formas de trabalho a partir de contratos anarquistas, associando-se por fora do Estado e contra a lógica de soberania. A proliferação de unidades em meio à diversidade e antipolíticas, cujo desdobramente é a emergência de Estados federais, provoca, gradativamente, a demolição da política, tecnologia inseperável das aspirações pacificadoras. O Estado federal é um facilitador das associações livres em detrimento das formas de governo sobre os súditos e pelos súditos, distanciando-se de quaisquer pretensões de soberania. Não está fundamentado em técnicas de regulamentação e regulação de populações, no governo sobre o homem-espécie. Não é um gestor das relações de trabalho, da circulação de pessoas, de mercadorias, da segurança pública. Ao contrário da razão governamental, cujo fundamento é a reflexão em torno dos objetos sobre os quais o Estado intervém, na federação as questões relativas às formas de vida na diferença são levadas adiante pelas forças associadas nos departamentos, nas comunas e nas províncias. Não se trata de uma tecnologia de governo sobre o vivo, mas de invenções vitais, criações em torno de outros modos de viver por meio da experimentação e das vontades de cada associação.