Ao abrir este livro, Fazer-se professor em contextos inclusivos de países lusófonos: entre práxis locais e tratados internacionais, você tem acesso à cultura, à política pública, à legislação e à linguística. A autora registra conversas com educadores de alunos com deficiência, de escolas públicas de diferentes países, e suas práticas educacionais. Em época de escassez de recursos, a experiência descrita ressalta as forças regionais e reconhece contexto e fazeres pedagógicos inclusivos. Foram diálogos organizados por meio do Facebook, Messenger, WhatsApp e Plataforma do Google Meet com vídeos e gravações. Professores conectados em rede com Brasil – São Paulo (periferia da zona Sul), Pernambuco (Recife e Comunidade Pankararu) e Minas Gerais (zona rural) –, Guiné-Bissau, Timor-Leste e São Tomé e Príncipe. É ressaltada a busca de conexão do Sul com o Sul global, com abordagem do campo teórico dos estudos de Galtung (1990) a respeito da língua. Observa-se a força de uma cultura em relação a outra, estabelecendo estratégias de poder e hierarquização. Identifica-se a conexão entre a realidade plurilinguística dos países e a valorização da cultura colonizadora, que fragiliza tais territórios, deixando-os expostos a ações de interesses estrangeiros, e que propõem soluções divergentes das necessidades reais da população do país. A troca desigual entre poderes e decisões do centro e periferia, como demonstrado por Galtung (1990), leva à organização de estruturas de opressão. O texto reconhece o fato de que as pesquisas podem ser responsáveis pela infiltração de valores europeus (Fanon, 2008), uma centralidade de leis e análises eurocêntricas que ao adentrar o país desconsideram ações locais antes mesmo de conhecê-las. São apontados novos trajetos com o fortalecimento da soberania territorial, o resgate das formas de agrupamento e organização política do povo nativo, e posturas anticoloniais que podem ajudar a impedir a exclusão de muitos alunos e professores.