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A temporada do Oscar estimula a descoberta de livros que, de tão bons, foram parar nas telas dos cinemas

*Matéria publicada na revista Vila Cultural 167 (março/2018).

A forma da água
O recordista de indicações, inclusive ao prêmio de melhor filme, também tem sua versão em livro (da Intrínseca), com a mesma assinatura do diretor Guillermo Del Toro, aqui em coautoria com Daniel Kraus. Apesar de já bastante conhecida, a trama convida à leitura. Oficial do governo americano, Richard Strickland é enviado à Amazônia para capturar um ser mítico e misterioso cujos poderes supostamente seriam utilizados para aumentar a potência militar do país, em plena Guerra Fria. Ao retornar com o deus Brânquia, o ser em questão, Strickland só não podia imaginar que para Elisa, uma das faxineiras do centro de pesquisas para o qual a criatura é levada, ele representa a esperança e a salvação de uma vida marcada pela invisibilidade.

 

Me chame pelo seu nome
Já na lista dos mais vendidos desde que chegou às livrarias, o título do escritor André Aciman também integra o catálogo da Intrínseca e ganhou visibilidade com o filme do italiano Luca Guadagnino. Na tela ou nas páginas, revela uma linda história de amor entre Elio e Oliver. O primeiro é filho de um respeitado professor universitário, que a cada verão hospeda por seis semanas na vila da família, na Itália, um novo escritor. Ao viver a cobiçada residência literária, Oliver também se envolve com o filho do anfitrião enquanto Aciman constrói uma autêntica elegia à paixão, em um romance que dá forma, cor e luz às mais delicadas ou intensas emoções da juventude.

 

A grande jogada
O filme de Aaron Sorkin foi ao indicado ao Oscar de melhor roteiro adaptado e conta, a partir do livro de Molly Bloom, a história real da mulher que comandou a mesa de pôquer mais exclusiva do mundo. Aos trinta e poucos anos, ela virou manchete ao ser presa pelo FBI por operar uma jogatina milionária. Bonita e atraente, cortejada por homens poderosos, a Princesa do Pôquer, como ficou conhecida, parecia mais uma estrela de Hollywood que uma criminosa confessa. E foi em Hollywood mesmo que ela começou, do zero, a promover as mesas pelas quais passariam astros como Leonardo DiCaprio e Ben Affleck, bambambãs da indústria do entretenimento, magnatas e até mesmo a máfia russa. O livro junta memórias de excessos, glamour e ganância.

 

Dunkirk
Indicado ao Oscar de melhor filme, o roteiro traz a história do livro de Joshua Levine, que a editora HarperCollins publicou em português. No porto francês da cidade de Dunkirk, em 1940, milhares de tropas foram salvas da destruição em uma evacuação extraordinária pelo mar, que deu origem à história de soldados, marinheiros, pilotos e civis envolvidos no resgate de 90 dias. O episódio se tornou uma lenda da guerra, a ponto de o primeiro-ministro britânico Winston Churchill descrevê-lo como um “milagre”. Contada do ponto de vista de quem estava na terra, no ar e no mar, a trama é um relato dramático que levou ao fim da guerra e preservou a liberdade de gerações. Joshua Levine inclui no livro entrevistas com veteranos de guerra e sobreviventes.

 

Extraordinário
O livro de R.J. Palacio, que faz sucesso também no Brasil muito antes de surgir adaptado como ótimo filme, conta a história de August Pullman, o Auggie. Por causa de uma síndrome genética, ele tem uma deformidade facial. Depois de uma infância solitária, Auggie começa a frequentar uma escola, no quinto ano de um colégio em Nova York, onde precisa provar que, apesar da sua aparência incomum e da diferença em relação ao outros, é um garoto como outro qualquer, que vai passar por situações que todo “aluno novo” já viveu. Indicado ao Oscar de melhor maquiagem, o filme de Stephen Chbosky, com Owen Wilson e Julia Roberts, tem repetido a trajetória do best-seller no mundo.

 

O destino de uma nação
Lançado pela editora Crítica no Brasil, o livro de Anthony McCarten deu origem ao título dirigido por Joe Wright, indicado ao Oscar de melhor filme. Uma atração à parte, no cinema, é atuação do ator Gary Oldman vivendo Winston Churchill. Livro e filme propõem um novo olhar sobre a Segunda Guerra Mundial. Logo após assumir o posto de primeiro-ministro da Grã-Bretanha em maio de 1940, Churchill profere três discursos que mudaram o rumo da Segunda Guerra Mundial. São falas memoráveis que deram o tom da resistência britânica. Com as palavras, ele muda o clima político e mobiliza então uma reticente e amedrontada população. Tanto o livro como o filme são um convite irresistível aos que gostam de episódios históricos, neste caso, comoventes e impressionantes.

 

O touro Ferdinando
Claro que os pequenos leitores não poderiam ficar de fora de recomendações tão prestigiosas. Indicado ao prêmio de melhor filme de animação, o roteiro do filme de Carlos Saldanha surgiu a partir do livro de Munro Leaf, que traz as ilustrações de Robert Lawson. Publicado no Brasil pela Intrínseca, o livro conta a história singela de um touro que, apesar de seu tamanho e sua força, não tem o menor interesse em lutar nas touradas. Ao contrário, o carismático Ferdinando gosta de cheirar as flores e ficar quietinho no canto dele e, inclusive por isso, vai gerar incompreensões de toda ordem.