Promoção do Livro Infantojuvenil 2017

Um grande prazer

Tradição no calendário da Livraria da Vila, a Promoção do Livro Infantojuvenil também é ótimo pretexto para entender por que, como dizem escritores como Ziraldo e Ruth Rocha, a leitura é o principal código de aprendizado para viver

Publicado na Revista Vila Cultural 161 (setembro/2017)

Setembro é o mês da Promoção do Livro Infantojuvenil em todas as lojas da Livraria da Vila. Além da programação regular com atividades para estimular o interesse das crianças pela leitura, o mês que marca o início da Primavera no Hemisfério Norte garante dois dias com preços especiais para que crianças e pais escolham títulos que podem marcar uma vida inteira.

Junto com o encantamento no processo de descoberta do livro, a leitura na infância é uma experiência determinante para a formação da personalidade de cada um e para percepção que se tem do mundo. “Num país como o nosso, penso que devia haver mais interesse dos governos ou das editoras pelos livros infantis porque você cria e forma o leitor na infância. Por isso, sempre digo que cabe ao autor de livros para crianças uma responsabilidade e um trabalho enormes: o de conquistar o leitor pelo prazer de ler. Inclusive porque o país não foi desbravado, por assim dizer, com um livro na mão”, disse o escritor Ziraldo, autor do clássico O Menino Maluquinho, em entrevista à Vila Cultural. O escritor e cartunista faz uma defesa incondicional que se transformou também numa de suas frases mais conhecidas: “ler é mais importante do que estudar”.

Ao lado de nomes como Ruth Rocha, Ana Maria Machado e Pedro Bandeira (leia entrevista do escritor nesta edição), Ziraldo e sua obra são destaques incontornáveis na linha do tempo da literatura infantojuvenil no Brasil, que começa “oficialmente” com a genialidade de Monteiro Lobato (1882-1948), no início do século passado, e toda a sua sensibilidade para entender e tratar do imaginário infantil com livros como As reinações de Narizinho, lançado originalmente em 1931, ou personagens – como os do Sítio do Picapau Amarelo – que, apesar das mudanças que ocorreram no mundo, se mantêm igualmente fascinantes para os pequenos leitores. “Crianças não mudam. O que muda é a educação que está se dando a elas”, diz a escritora Ruth Rocha, cuja obra também influencia muitas gerações. “História minha só acaba bem. Porque criança tem que ter esperança. Se você tirar a esperança de uma criança, ela fica doente. Nas minhas histórias, sempre deixo um ambiente bom, uma coisa boa”, afirma Ruth.

“Não escrevo para crianças por alguma atração especial pela faixa etária. O que me levou a isso foi um conjunto de circunstâncias. Primeiro, encomenda de uma revista. Depois, sucesso entre os leitores que gostaram do que eu fazia e que, quando a história publicada era de minha autoria, compravam maciçamente aquele número da revista. Foram eles que me mostraram esse caminho, ao me escolher. Em seguida, me senti atraída por um desafio. Eu dava aulas de literatura na faculdade, estava me doutorando, e me vi diante da possibilidade de explorar a linguagem brasileira num registro coloquial, familiar e oralizante e, mesmo assim, buscar uma qualidade literária que não ficasse nada a dever às obras escritas em linguagem mais formal e erudita. Quis tentar”, disse Ana Maria Machado à Vila Cultural ao responder sobre a origem de seu gosto e sua familiaridade com os pequenos leitores.

“O código principal do aprendizado é a leitura. Você não vai educar uma criança só contando casos para ela guardar na memória. A mensagem importante é gravada, documentada. Por isso o livro é a coisa mais importante na história da humanidade”, afirma Ziraldo. Isso, diga-se, independentemente da velocidade com que o mundo tem se transformado. “Se você nascesse no século 18 e vivesse cem anos o mais provável era que desde o seu nascimento até a sua morte o mundo não teria mudado muito. As tecnologias que existiam eram as mesmas. Agora as coisas mudam a cada mês. É uma loucura. Tanto que estão querendo lançar um celular que só liga e recebe ligações para você não ficar conectado na maquininha o tempo todo”, diz Pedro Bandeira, para quem o aprendizado que se inicia com a descoberta da leitura não termina nunca. “Eu tenho 75 anos e continuo lendo, aprendendo. Não sei nada. E vou atrás. Tenho que continuar. Todos têm que continuar.”

 

Confira alguns títulos que fazem a alegria da garotada e anote na agenda: nos dias 23 e 24 de setembro, todos os livros do segmento têm descontos entre 25% e 60%

Arte brasileira para crianças
Feito por Isabel Diegues para editora Cobogó, o livro traz o subtítulo 100 artistas e atividades para você brincar. Com uma linguagem simples e divertida, apresenta, junto com a obra de cada um deles, uma centena de artistas brasileiros para propor brincadeiras a partir de trabalhos feitos
por Adriana Varejão, Alfredo Volpi, Beatriz Milhazes, Candido Portinari, Hélio Oiticica, Leonilson, Lygia Clark, Miguel Rio Branco, Nuno Ramos, Tarsila do Amaral, Tunga, entre outros.

 

 

Bem lá no alto
O livro de Susanne Straßer publicado este ano pela Companhia das Letrinhas traz a aventura de um urso que encanta a garotada ao avistar um bolo num lugar bem lá no alto, como diz o título, que ele não consegue alcançar. Junto com a diversão e a graça das imagens, a ideia é compartilhar com os pequenos o quanto é bom poder contar com a ajuda dos amigos, em especial para viver acontecimentos e situações inesperados.

 

 

A cor de Coraline
Da Rocco Pequenos Leitores, o livro do ilustrador, designer gráfico e escritor Alexandre Rampazo parte de uma pergunta pra lá de inspiradora feita por uma colega da personagem do título para propor uma questão importante: “me empresta o lápis cor de pele?” A partir dessa interrogação, Rampazo passeia pelas inúmeras possibilidades contidas numa caixa de lápis de cor e na imaginação infantil e mostra que o mundo é mais colorido – e diverso – do que nos acostumamos a pensar.

 

 

O dia da festa
Da Pequena Zahar, o livro feito pelo artista plástico e escritor Renato Moriconi é uma dica e tanto para incentivar o contato com a arte. Num reino distante, um unicórnio é esperado para resolver os males de um povo criando o cenário ideal para que Moriconi junte pinturas e colagens feitas com inspirações em obras de artistas como Hieronymus Bosch, Piero Della Francesca, Marcel
Duchamp, Pedro Américo, Goya e Botticelli. A ideia é uma narrativa de forte impacto visual.

 

O Grúfalo (adesivos)
Criado por Julia Donaldson e Axel Scheffler e publicado no Brasil pela Brinque-Book, é um “livro-diversão” repleto de propostas de atividades para os pequenos. Traz nada menos que 400 adesivos para a criançada brincar. Baseado no sucesso O Grúfalo, cada página dessa versão recria cenas e momentos do livro original, alternando quebra-cabeças, labirintos, jogos dos erros, ilustrações para completar, caça-palavras, entre outras atrações.

 

Histórias de ninar para garotas rebeldes
Título da Vergara & Riba no Brasil, o livro foi idealizado por Elena Favilli e Francesca Cavallo, cofundadoras da empresa de mídia infantil norte-americana Timbuktu Labs. O livro sugere um “mundo onde gênero não defina quão alto você pode sonhar nem quão longe você pode ir” ao contar uma centena de histórias de mulheres extraordinárias ilustradas por artistas mulheres do mundo inteiro. Frida Kahlo, Elizabeth I, Serena Williams e Maya Gabeira são algumas das “personagens” selecionadas para o livro.

 

A ilha do vovô
Da Editora Salamandra, o livro criado por Benji Davies é uma bela referência para celebrar vínculo afetivo dos mais especiais e inspiradores: o que é estabelecido entre a criança e os avós. Do cheiro da comida da vovó, passando pelas brincadeiras e travessuras ou conversas curiosas sobre outros tempos, aqui o menino Syd e seu avô traduzem com o maior carinho histórias que muita gente já viveu.

 

Jacaré, não!
Título da editora Ubu, o livro do escritor e jornalista Antonio Prata traz ilustrações de Talita Hoffmann e usa e abusa do bom humor ao descrever cenas que seriam muito corriqueiras não fosse a inesperada presença de um jacaré. A partir das experiências com seus dois filhos, o escritor passou a observar o que faz as crianças de até uns quatro anos darem risadas. Descobriu, como demonstra no livro, que um elemento estranho em uma enumeração ordenada de objetos familiares tem esse poder.

 

Pouco é muito
Da Editora Nós, o livro feito a quatro mãos por Ana Lasevicius e Ionit Zilberman é a recriação de um conto da tradição judaica, aqui protagonizado por um menino e seu avô numa abordagem sobre a passagem do tempo e as relações das pessoas com o mundo e com as coisas. A ideia do projeto gráfico é que o livro possa ser lido em dupla, um adulto e uma criança, por exemplo, para sugerir o encontro e o prazer de contar e ouvir histórias.

 

 

T–Veg – A incrível história do tiranossauro que amava cenouras
Editado pela Publifolhinha, o livro de Smriti Prasadam-Halls traz a história de Reginaldo, um tiranossauro rex como outro qualquer se não fosse por uma característica curiosa: ele é vegetariano. A trama é pura diversão. Na turma de Reg ninguém consegue entender porque o grandalhão não gosta de carne como todos os tiranossauros da sua espécie. Por isso ele faz sua “dinochila” e segue para a floresta em busca de novos amigos.