por Samuel Seibel
Editorial publicado na Revista Vila Cultural 161 (setembro/2017)
Não estou no Facebook e é bem provável que esteja perdendo muita coisa, já que centenas de milhões de pessoas o acessam diariamente. Deve ser bom. Mas o WhatsApp me salvou quando antigos colegas da época do ginásio criaram um grupo para resgatar a velha turma e marcar um encontro para o mês de outubro.
Depois de 48 anos vou rever amigos de então convivência diária, mas que não faço a menor ideia do que aconteceu a eles neste quase meio século de vida.
Será que vai aquela menina tão bonitinha que eu gostava tanto e ela já saía com os “veteranos” do colegial?
Meus parceiros do time de tampinha de refrigerante, dos pastéis e Tubaína depois da aula de sábado, dos bailinhos com luz negra e estroboscópica. Aliás, nestes bailinhos minha única chance de algum sucesso era quando começava a música lenta, porque na rápida eu era muito ruim, além de morrer de vergonha.
Minha escola ficava em Santana e eu morava no Bom Retiro. Todos os meus amigos moravam na zona norte, então eu tinha que ir e voltar de ônibus. Ir, tudo bem, as festas começavam cedo. Mas para voltar tinha condução de duas em duas horas, o que me fazia caminhar, de madrugada, de Santana, Jardim São Paulo ou Lauzane Paulista até em casa. Sei lá quantos quilômetros eram. Isso com 13, 14 anos. Madrugada adentro, segurança não era pauta de preocupação.
Enquanto escrevo, recebi diversas mensagens lembrando de nossa formatura do ginásio, quando em caravana de ônibus viajamos até Porto Alegre, parando em cidadezinhas e conhecendo o Sul maravilha.
Quase 50 meninos e meninas de 14 anos sem os pais e com pensamento único em divertir-se.
Finalmente consegui mergulhar num assunto que me fez esquecer completamente, mesmo que por alguns minutos, as manchetes dos jornais.
Boa leitura. Abraços.
Samuel.