Da guerra à poesia

O cineasta e escritor franco-afegão Atiq Rahimi fala de vida e literatura em encontro especial na loja da Fradique

O escritor e cineasta franco afegão Atiq Rahimi participa de um bate-papo seguido de sessão de autógrafos dia 14 de junho na loja da Lorena, nos Jardins, para destacar, pela Estação Liberdade, pelos menos três livros dos mais importantes em sua trajetória como autor. Depois de fugir da guerra do Afeganistão, na década de 1980, Rahimi obteve asilo político na França, onde vive.
Os títulos em destaque para a visita do escritor ao país registram diferentes momentos literários. A prosa lírica de A balada do cálamo, que está sendo lançado agora no Brasil, dá forma à experiência vertiginosa do exílio, ao mesmo tempo em que relembra a história de vida do escritor e a sua autodescoberta como artista. Oscilando entre o presente em Paris e o passado errante, o livro mistura memórias a reflexões iluminadas por caligrafias de Atiq.
Em Terra e cinzas, há uma poderosa história familiar que tem a guerra como pano de fundo. O cenário é um “vilarejo destruído que está para todos os vilarejos destruídos e todas as famílias aniquiladas de todas as guerras do mundo”. Assim, o escritor faz um “manifesto” antiguerra e investe num “sutil grito para que parem bombardeios e matanças, que geram tanta dor e ódio”.
Romance vencedor do Prêmio Goncourt em 2008, Syngué sabour – Pedra-de-paciência expõe a condição feminina na sociedade afegã a partir de uma personagem que vela o marido, em coma, após ele ser atingido por um tiro. A guerra civil domina a cidade, enquanto a mulher espera por um milagre. Lentamente, ela faz jorrarem recordações há muito escondidas. Passa a narrar ao marido fatos que ele sempre ignorara completamente.
Nascido em Cabul, Rahimi frequentou a escola franco-afegã Esteqlal e estudou Letras na universidade da capital afegã. Em 1984, durante a guerra, deixou o país rumo ao Paquistão. Terra e cinzas e As mil casas do sonho e do terror foram originalmente escritos em persa e posteriormente vertidos para o francês. A primeira obra literária escrita por Atiq em francês foi Syngué sabour – Pedra-de-paciência. O livro já foi publicado em pelo menos trinta países. Seu romance mais recente é Maldito seja Dostoiévski, de 2011. Em 2009, Atiq esteve no Brasil como convidado da Flip.

 

 

BATE-PAPO
O que é: conversa com o escritor franco-afegão Atiq Rahimi, que participa de sessão de autógrafos especial.
Loja: Fradique
Quando: dia 14 de junho, às 19h