por Samuel Seibel
*Editorial publicado na revista Vila Cultural 162 (outubro/2017).
No final de setembro, a Cleo, minha netinha, completou um ano de vida.
No mesmo dia da festa, saiu no Estadão artigo do Fernando Reinach sobre um experimento que fizeram justamente com criancinhas de um ano.
Resumidamente, criaram três grupos. No primeiro, um homem com uma caixa na mão entrava na sala onde estavam alguns bebês. Ele fazia várias tentativas para abrir a caixa. Depois de 30 segundos conseguiu abri-la.
No segundo grupo, o mesmo homem entrava com a mesma caixa e, na frente de outro grupinho, imediatamente abria a caixa.
No último grupo, ele entrava na sala, deixava a caixa e ia embora.
O teste era deixar a caixa com as crianças e estudar o que iria acontecer. No primeiro grupo, houve 25 tentativas de abrir a caixa. Na vigésima quinta conseguiram. No segundo, 14, e no terceiro, 11, sem sucesso. Desistiram.
Conclusão: mesmo naquela idade, aquele ser humano já absorve a ideia do esforço, da persistência, e a repete. O exemplo do homem, no primeiro grupo, criou uma referência.
No segundo grupo a mesma “garra” não foi sentida, diminuindo em quase 50% as tentativas, e no terceiro as crianças se comportaram apenas como parte de uma brincadeira, cansando-se rapidamente.
Alguns dias antes de ler aquele artigo, recebi pela internet texto de um rabino, por ocasião do Rosh Hashaná, o Ano Novo judaico, no qual ele dizia que a resiliência era a base para se criar a estrutura necessária para enfrentar os momentos difíceis que vivemos e, muito provavelmente, viveremos nos próximos 12 meses.
E o que é resiliência no contexto do rabino? Capacidade de adaptar-se, de retornar ao seu estado normal, mesmo sob forte pressão e stress.
Conseguir enxergar soluções e não se deixar abater pelas dificuldades, muitas delas inevitáveis.
Pois é, Cleo, por enquanto brinque muito e não se preocupe com testes e mensagens. Tudo a seu tempo. Assim como caminhar é fruto de esforço e persistência, cair e levantar-se mostra grande adaptação ao gigantesco desafio de andar com as próprias pernas.
Abraços. Boa leitura.
Samuel.