Férias no Maranhão. O estado mais pobre do Brasil, segundo o IBGE, tem uma das festas populares mais lindas e autênticas que já vi, o Bumba meu boi, e o cenário natural mais impactante que tive a oportunidade de visitar, os Lençóis Maranhenses.
É bonito ver o centro histórico de São Luís, com seus casarões seculares, mas é igualmente triste testemunhar o estado de decadência da maioria destes imóveis, sem muita perspectiva de restauro e conservação.
As brincadeiras, como são designadas as festas do Boi, pipocam por toda a cidade, e são vistas principalmente pela própria população. Percebe-se a presença tímida e pequena de turistas, que passam por São Luis basicamente para seguir viagem para os Lençóis.
Tive a sorte, por indicação de amigos, de participar de uma festa em uma comunidade na qual minha mulher e eu éramos os únicos que não pertencíamos ao grupo. E fomos superbem recebidos. Todos estavam curtindo a brincadeira do Boi por prazer, sem público, somente para eles mesmos. Crianças de dois, três anos já dançavam ou tocavam algum instrumento.
E o que falar dos Lençóis? Dezenas de milhares de hectares de dunas e lagoas, a perder de vista. Pode-se caminhar por horas ou dias, sempre com guia, pois a chance de se perder é total. Já visitei muitos lugares lindos, esculpidos pela natureza ou produzidos pelo homem. Mas difícil existir algo tão imponente, forte e inspirador como aquele cenário.
Subíamos e descíamos os morros de areia como crianças, rindo só pelo fato de estar ali. Refrescar-se ou mesmo nadar nas águas às vezes salobra, pela proximidade do mar, ou doce nas dunas mais afastadas do oceano, era quase terapêutico. Ou melhor, era mais que terapêutico.
E sempre, ao final dos passeios, sentar-se e esperar o pôr do sol. Em silêncio e em paz.
E tendo a certeza que o mundo precisa mesmo de mais natureza, mais brincadeira, mais sol e mais, muito mais, igualdade.
Boa leitura. Abraços.
Samuel Seibel.