*Matéria publicada na revista Vila Cultural edição 187 (Novembro/2019)
Em Essa gente, seu novo romance, lançamento da Companhia das Letras, o cantor, compositor e escritor Chico Buarque conta a história de Manuel Duarte, um escritor decadente que enfrenta uma crise financeira e afetiva enquanto o Rio de Janeiro colapsa à sua volta. O livro é anunciado como uma “tragicomédia urgente, a primeira obra literária de vulto a encarar o Brasil do agora”. E vem a público em um momento especial na trajetória de Chico, ganhador do Prêmio Camões em 2019. É o principal troféu literário da língua portuguesa.
Com alguns Jabutis na estante, inclusive o de Melhor Livro do Ano na categoria ficção com o romance Leite derramado (Companhia das Letras, 2009) na 52ª edição do prêmio, em 2010, Chico publicou recentemente em seu Instagram que “a não assinatura de Bolsonaro no diploma é para mim um segundo Prêmio Camões”. Tudo porque o presidente brasileiro, que não esconde suas diferenças com Chico, defensor dos governos do PT e crítico contundente do governo de Bolsonaro, disse que se dependesse dele o diploma do Prêmio Camões só seria assinado em dezembro de 2026.
Entre tantos outros constrangimentos diplomáticos que já causou ao longo de seu primeiro ano de governo, o presidente acabou voluntariamente dando mais visibilidade ao prêmio e aos méritos do escritor. O Prêmio Camões de Literatura foi instituído em 1988 pelos governos português e brasileiro, mas contempla também autores de Angola, São Tome e Príncipe, Moçambique, Guiné Bissau ou Timor Oriental.
Chico foi escolhido por um júri formado por Antônio Carlos Hohlfeldt e Antonio Cicero Correia Lima, representantes do Brasil, Clara Rowland e Manuel Frias Martins, de Portugal, Nataniel Ngomane, de Moçambique, e Ana Paula Tavares, de Angola. A cerimônia de entrega do prêmio deve acontecer em Portugal no primeiro semestre do ano que vem. Com ou sem diploma assinado.