Festa com leitura

Uma lista com 35 títulos infantojuvenis para entrar no embalo dos 35 anos da Livraria da Vila

 

*Matéria publicada na revista Vila Cultural edição 190 (Fevereiro/2020)

 

A Livraria da Vila faz 35 anos em agosto de 2020. É um aniversário especial, repleto de motivos para comemoração, inclusive os mais simbólicos. Ao pensar na data, por exemplo, uma sucessão de adjetivos se materializa diante do 35 na ótica da numerologia, que, entre outras, junta emoção-intuição e/ou cálculos-razão para observar a influência dos números no cotidiano. No caso do número 35, fala-se em construção, eficiência, equilíbrio. Até o soma dos dois algarismos, 3 + 5, soa otimista e luminosa com o 8, que sugere prosperidade e abundância. Que seja, afinal, já que as ideias mais prósperas fazem, na prática, o dia a dia de quem vive entre livros.

Para abrir as comemorações desses 35 anos, os colaboradores da Vila prepararam a primeira (veja aqui) de uma série de listas que devem ficar prontas nos próximos meses. Trata-se de uma relação com 35 livros infantojuvenis, todos disponíveis na Vila, para montar uma “pequena grande” biblioteca com autores brasileiros e estrangeiros que encantam as crianças e, maior conquista, despertam o gosto pela leitura em um momento determinante da vida, em especial numa época tão acelerada como a nossa.

Autora que não pode faltar em nenhuma lista, Eva Furnari, que lançou o livro Tantãs (Moderna) no ano passado, falou

recentemente à Vila Cultural justamente sobre a “humanidade” do livro nessa época tão digital vivida agora: “Tem coisas sedutoras, interessantíssimas, superbacanas, que a gente não pode negar nessa evolução tecnológica, que já está na nossa vida e altera as nossas relações, mas tem essas outras características, muitos efeitos colaterais. E eu vou acrescentar que o livro muda tudo isso. Porque o livro tem o ritmo humano. Você, a imagem, o texto e o tempo para digerir aquilo tudo. Ele é mais ‘humano’ e acho que hoje, para fazer frente a essa competição tecnológica, os livros precisam ter muita qualidade. Para ser tão sedutor e ter histórias tão bem contadas como as do mundo virtual”.

 

Felpo Filva (Moderna), o livro de Eva que está na lista da Vila, é dos favoritos de Jô Silva, da loja do Pátio Batel, em Curitiba. Temas como bullying, amizade, sentimentos, entre outros, aparecem naturalmente na dinâmica da história superdivertida, como lembra Jô. “Eva também apresenta diversos gêneros de texto e assim introduz seus jovens leitores no universo dos livros”, ela diz.

 

 

 

 

 

 

Fotos Divulgaçã

Daniela Portella, que há oito anos integra a equipe da Vila, adora Flics, de Ziraldo, um clássico da literatura brasileira. “O final é surpreendente, emociona crianças e adultos”, declara, lembrando que o livro comemorou 50 anos em 2019. Isso mesmo. Meio século desde o seu lançamento.

Artista gráfico, humorista, escritor, ilustrador, cartunista, dramaturgo e jornalista, Ziraldo tem dedicado sua vida à literatura e à ilustração para crianças. Sua obra tem mais de 160 títulos, traduzidos para diversos idiomas. Lançado originalmente na década de 1980, O Menino Maluquinho, que também está na lista da Vila, é um dos maiores fenômenos editoriais de todos os tempos no Brasil. Adaptado para teatro, quadrinhos, ópera infantil, videogame, internet e cinema, conta com 116 edições e mais de 3,5 milhões de exemplares vendidos. Avesso a nostalgias e sem jamais se levar muito a sério, o escritor também é um otimista por excelência. “Quero ajudar a melhorar o Brasil e tenho a solução para a questão da educação no país. É simples: a criança tem de chegar na universidade lendo e escrevendo como quem respira. É só isso que a criança tem de aprender na infância: ler, escrever e contar”, ele diz.

 

 

Para Pedro Bandeira, outra presença recorrente em todas as listas que importam (na da Vila ele está com O fantástico mistério de Feiurinha, da Moderna), é fundamental que junto com os livros o Brasil valorize os seus professores e professoras. “Encontro esperança justamente no colo dessas professoras porque eu corro o Brasil inteiro, há pelo menos 40 anos, falando com elas, que são mal pagas, mal amparadas. A professora luta. Ela é uma heroína. Nas casas, você não tem isso. A nossa sociedade é uma sociedade do ter, e não do ser. A minha esperança está na cátedra, na professora. E, claro, no livro”, diz Bandeira, dando indicações de que uma boa reflexão também cabe em qualquer comemoração, em qualquer lista.