por Samuel Seibel
*Editorial publicado na revista Vila Cultural 163 (novembro/2017).
Quando a gente acha que as notícias ruins darão alguma trégua, vem uma que entristece pelo fato em si, o fogo que consumiu mais de 26% da Chapada dos Veadeiros, e que também nos deixa perplexos com a afirmação do diretor do parque de que o incêndio foi criminoso.
Motivo do crime? Não concordar com a expansão da Chapada, que depois de muitos anos de luta aumentou substancialmente a sua reserva para mais de 240 mil hectares. Esta conquista fez com que opositores à ideia falassem claramente que se tal decisão fosse mesmo aprovada, “ïriam por fogo naquilo tudo”.
O Ministério do Meio Ambiente acionou a Polícia Federal para iniciar investigações que levem aos criminosos. Certamente, pelo menos num primeiro momento, não chegarão aos mandantes do crime, prováveis fazendeiros descontentes com o avanço do cerrado e consequente diminuição de áreas para plantio de soja e pasto.
Como absolutamente todos os assuntos que nos rodeiam diariamente, este igualmente terá, de um lado, os que lamentam o episódio e, de outro, os que justificam a medida extremada como represália necessária contra os “ecologistas”.
A unanimidade só aparece quando se tem a oportunidade de visitar maravilhas da natureza mundo afora. Ficamos admirados com o estado de conservação, o respeito que as pessoas têm pelo local e a visão de conservação como algo indiscutível. Mais que isso, como uma bandeira a ser defendida com unhas e dentes.
Defender florestas, fauna e flora em qualquer lugar do Planeta é fundamental. Por que é tão difícil ter a mesma postura quando se trata de nosso sofrido Brasil? Lá no “exterior” é bacana falar de sustentabilidade, mostrar-se engajado.
Aqui, na terrinha, as mesmas pessoas até manifestam simpatia pela preservação, mas na prática a atitude é de afastamento ou neutralidade com as questões que envolvem estes temas.
Como sempre, o meu otimismo alimenta esperanças e mudanças saudáveis de posicionamento.
Enquanto isso, boa leitura.
Abraços. Samuel.