por Samuel Seibel
*Editorial publicado na revista Vila Cultural 167 (março/2018).
Em fato inédito, jovens estudantes nos Estados Unidos saem às ruas para pressionar o governo federal a adotar políticas mais rígidas na venda e posse de armas, um dos tabus americanos, contra o qual poucos se aventuram a enfrentar.
As manifestações fizeram com que Trump, comprometidíssimo com a poderosa Associação Nacional do Rifle (NRA), saísse com mais uma de suas inúmeras tolices: “os professores devem andar armados, e para isso ganharão bônus” e “as escolas precisam ser protegidas como os bancos são”.
Se tais asneiras saíssem da boca de um deputado de algum país do Terceiro Mundo, já seriam motivo de constrangimento. De um presidente da (ainda) nação mais poderosa e influente do planeta, isso soa como uma desqualificação e falta de visão assombrosas, ainda que não causem mais surpresas para ninguém.
Quer dizer que além de formar crianças e jovens para o futuro, um professor teria também que deixar um revólver ou fuzil em cima da mesa, engatilhados (se é para agir, tem que ser rápido!), dia após dia, aguardando um maluco entrar em sua sala e começar a atirar nos alunos. Sair de perto da mesa, jamais.
Quanto à proposta de dar às escolas a mesma proteção que os bancos se dão, embora muita gente possa até achar uma boa ideia (assim como o muro na fronteira com o México), creio que o problema não é exatamente esse. Ao contrário.
Por essas e outras, quando leio que crianças nascidas hoje irão viver até os 150 anos, caso de meus dois netos e do terceiro que está para chegar, só posso desejar que estes muitos anos a mais de vida formem gerações mais comprometidas com valores humanos de respeito, aceitação e empatia.
Boa leitura. Abraços.
Samuel.