Revolução Laura

*Matéria publicado na revista Vila Cultural 179 (Março/2019)

Foto Maria Eduarda José/Divulgação

A jornalista, política e candidata à vice-presidência do Brasil nas eleições de 2018 Manuela D’Ávila autografa dia 18 de março, na loja da Fradique, seu primeiro livro, Revolução Laura – Reflexões sobre maternidade & resistência (Belas Letras), em coautoria com Cris Lisbôa. A ideia do livro, que vem a público exatamente no Dia Internacional da Mulher, é desafiadora: uma espécie de diário que documenta a jornada da campanha política de uma mulher que percorre dezenas de cidades brasileiras sem abrir mão do exercício cotidiano da maternidade, já que a filha de Manuela, Laura, de 2 anos, esteve sempre ao lado da mãe.
“Quando a gente mudar a nossa cultura vai achar estranho pais que nunca estão com seus filhos. Alguém está. Esse alguém é a mãe. Isso tem relação com mulheres não ocuparem espaço público. É fácil, fácil pra um homem. Quando desfila com o filho, vira mito”, escreve Manuela. O livro também mostra como ser mãe “não somente revolucionou a vida de Manuela, mas intensificou a luta para que privilégios não existam mais”.
“O livro é um recorrido mental de impressões que parecem bilhetes, crônicas ou anotações simples. Foi escrito aos pedaços, durante uma longa trajetória em que Manuela percorreu 19 estados amamentando Laura em campanha presidencial e foi construindo uma nova forma de ocupação do espaço político”, diz o material de divulgação da editora.

Com Laura, Manuela revela ter vivido situações engraçadas, como quando a menina apareceu com a fralda suja de cocô no meio de uma entrevista para um canal de TV, ou mesmo de puro afeto, quando uma reunião foi adiada porque ir ao cinema assistir Os Incríveis 2 era compromisso marcado entre mãe e filha.

A cena singela e amorosa da criança no colo da mãe não foi suficiente para evitar manifestações de ódio. “E então, no meio da festa, enquanto curtíamos o lindo show de Duca, uma mulher me agrediu e agrediu a Laura, que estava pendurada no sling. Batia no corpinho dela, enrolado no tecido, perguntando se eu havia comprado aquilo em Cuba ou na Coreia ou se havia comprado nas minhas férias em Miami com dinheiro público. Vou repetir, porque é importante: uma mulher dava batidas no corpo de um bebê com menos de dois meses pendurado no colo de sua mãe por causa de uma notícia falsa. Você consegue se imaginar nessa situação? Eu nem tive tempo para reagir. Quando percebi, ela já estava longe. Não lembro direito de nada.”
O livro, diz Manuela, é também uma manifestação de aprendizado “do quanto a maternidade é capaz de fazer olhar para dentro e ensinar sobre os próprios erros”.

 

LANÇAMENTO
Livro: Revolução Laura – Reflexões sobre maternidade & resistência (Belas Letras), de Manuela D’Ávila e Cris Lisbôa
Loja: Fradique
Quando: dia 18 de março, a partir das 18h30