O cantor e compositor Francis Hime autografa Trocando em miúdos as minhas canções, livro em que compartilha seu processo de criação, o gosto por parcerias e todo o talento na junção do erudito e do popular*
*Matéria publicada na revista Vila Cultural 162 (outubro/2017).
O cantor e compositor Francis Hime lançou dia 5 de outubro, na Livraria da Vila da Lorena, o livro Trocando em miúdos as minhas canções (Terceiro Nome). Sob o pretexto de descrever e comentar seu processo criativo, como sugere o título, Hime acaba fazendo uma bela reflexão sobre várias circunstâncias e influências vividas na elaboração de suas canções. Significa dizer que o título está repleto de lembranças e curiosidades, sobretudo no que se refere a relação do compositor com seus parceiros.
“Por mais que uma determinada parceria se complete de maneira bem-sucedida, é muito bom o desafio de ter um novo colaborador e o gostinho de não saber no que vai resultar”, afirma Hime, que tem músicas assinadas com Vinicius de Moraes, Chico Buarque, Paulo César Pinheiro, Ruy Guerra, Geraldo Carneiro e Olivia Hime, apenas para citar alguns nomes.
No final dos anos de 1950, quando o Brasil vivia um período de modernização e euforia econômica que ecoava com novos acordes, poesias e interpretações musicais, Francis, então um garoto carioca pronto para estudar engenharia na Suíça, decidiu regressar ao Rio de Janeiro e acabou, como lembra no livro, mergulhando naquilo que realmente teria importância na sua vida, a música. Com seu estilo único, tornou-se uma ponte entre o popular e o erudito e deu forma a um repertório repleto de composições memoráveis.
O livro tem dez capítulos e é “uma história de amor à música” e aos parceiros com os quais compôs melodias como Sem mais adeus, Vai passar, Atrás da porta, Trocando em miúdos, entre tantas outras. Francis também examina várias trilhas que escreveu para cinema, como Dona Flor e seus dois maridos, A estrela sobe e Lição de amor, ou ainda para teatro, como O rei de Ramos. A produção para música de concerto não é deixada de lado, com destaque para a Sinfonia do Rio de Janeiro e o Concerto para violão e orquestra.
A análise e citação de suas composições, bem como de compositores que o influenciaram, vem acompanhada de uma gravação que pode ser ouvida por meio dos 352 QR-Codes (o código interativo que pode ser escaneado pela câmera do celular) distribuídos ao longo do livro, nos quais Francis analisa o caminho que possivelmente seguiu ao compor determinada canção. “Muitas vezes esses caminhos são meras suposições, embora me pareçam bastante reais. Outras tantas, podem ter realmente acontecido”, afirma.
“A ideia, que foi trazida por Olivia Hime, é que os QR-Codes proporcionem ao leitor uma experiência mais profunda, unindo a leitura e a apreciação musical”, afirma Mary Lou Paris, editora do livro. Cerca de 150 canções foram gravadas em estúdio no formato piano e voz pelo próprio Francis, especialmente para este livro, e outra grande parte traz fonogramas que já existiam, com vários cantores amigos e colegas
de Francis.