Clube de Leitura fez debate sobre a obra de Graciliano Ramos, a partir do livro Insônia, lançado há 80 anos.
*Matéria publicada na revista Vila Cultural 163 (novembro/2017).
Dedicado à obra do escritor Graciliano Ramos (1892-1953), o Clube de Leitura Velho Graça na Vila, uma parceria da Editora Record e da Livraria da Vila com o Grupo de Estudos Graciliano Ramos da USP, coordenado pelo professor Benjamin Abdala Júnior, realizou seu primeiro encontro no dia 9 de novembro, na loja da Fradique. A ideia original é ter reuniões bimestrais para discutir a obra de Graciliano, um dos mais importantes romancistas brasileiros.
Na pauta inaugural, uma conversa sobre Insônia, livro que completa 80 anos em 2017. Pesquisadores da USP, dentre eles Ricardo Ramos Filho, neto de Graciliano e filho do também escritor Ricardo Ramos, estiveram presentes, assim como o ator Nei Santos, protagonista do curta-metragem Um ladrão, de Nelson Pereira dos Santos, inspirado no livro. Publicado originalmente em 1947, Insônia traz 13 contos e crônicas em linguagem e estilo inconfundíveis, com a “secura emotiva” e “a economia vocabular” apresentadas com “precisão psicológica”, como dizem os estudiosos da obra do escritor. A insônia do título é quase um personagem que percorre as histórias contadas.
Ainda que retratem muitos dos problemas sociais do Nordeste brasileiro, onde o escritor alagoano nasceu, os livros e textos de Graciliano trazem a universalidade na abordagem das relações humanas, como acontece em sua obra-prima Vidas secas, publicada em 1938, traduzida para várias línguas e ganhadora de um prêmio especial da Fundação William Faulkner, dos Estados Unidos. No livro, o que impulsiona os personagens é a seca, áspera e cruel, e paradoxalmente a ligação telúrica, afetiva, que expõe nos personagens em retirada, à procura de meios de sobrevivência e um futuro. Além de Vidas secas, São Bernardo e Memórias do cárcere, outros livros de Graciliano foram adaptados para o cinema.