Todo domingo, de Cacá Diegues

“O ‘país do futuro’ se escondeu no passado autoritário e grosseiro que nos formou”, escreve o cineasta Cacá Diegues.

*Matéria publicada na revista Vila Cultural 163 (novembro/2017).

Diretor de 37 filmes, entre curtas, médias e longas-metragens, e autor de outros nove livros, o cineasta Cacá Diegues autografou dia 28 de novembro, na Livraria da Vila da Lorena, Todo domingo, com os artigos de Cacá Diegues, lançamento da editora Cobogó que apresenta reflexões do diretor sobre diversos assuntos, de política à cultura. O livro é uma seleção de textos de Cacá publicados aos domingos (daí o título) no jornal O Globo, com o qual ele colabora desde 2010.
“Assino essa coluna, antes publicada aos sábados, desde 2010. Com a morte de  João Ubaldo Ribeiro, o maior romancista brasileiro de minha geração, fui desafiado a assumir o espaço que foi seu, na página de Opinião do jornal”, escreve Cacá.
“É um livro sobre o Brasil”, resume o crítico de cinema Rodrigo Fonseca, que organizou o material para a publicação. “Este livro é, sobretudo, um projeto de resistência contra o empobrecimento do debate, da língua, do ofício de escrever. E gera o mesmo encantamento que permeia a obra cinematográfica de Carlos Diegues”, escreve o diretor Walter Salles na contracapa de Todo domingo.
“Por força das circunstâncias, a coluna me levou de volta à política, matéria da qual havia me afastado tanto. Ela me obrigou a voltar a prestar atenção ao que se passava na vida pública brasileira, o horror no qual estamos hoje todos afogados, sem ar. Mas não vivi de escrever só sobre política. Meu assunto primordial tem sido, até hoje, o estado da cultura brasileira. E aí, mais uma vez, descubro como uma coisa tem a ver com a outra”, escreve Diegues em depoimento exclusivo para a Vila Cultural.
“O Brasil é um dos poucos países do mundo ocidental que ainda tem uma chave para o que é novo, uma possibilidade de experiência que não se realiza nunca, no campo que cada um de nós imaginar. O ‘país do futuro’ se escondeu no passado autoritário e grosseiro que nos formou, sem perder o charme e a esperança que sempre nos caracterizaram. Aqui, o futuro já passou; mas ainda não passamos com ele. É sobre isso que escrevo. Sobre essa tragédia bufa, essa comédia triste que não chega a ser fatal, nem nos faz rir como devia. Sobre o país e o que rola nele, seu cinema sobretudo. Sobre o país e sobre nós. Com muito amor, torcendo por nós e pelo país”, conclui Diegues.

LANÇAMENTO
Livro: Todo domingo, (Cobogó), de Cacá Diegues