A urgência da proteção

A polarização do momento são as queimadas no País. O que aconteceu, afinal? “Vingança de ONGs”, falta de fiscalização, ambiente político propício, novas pastagens, mais área para agricultura?

Se algum dia tivermos as respostas corretas, não será surpresa se representarem o pensamento de duas versões antagônicas. Mas, ao contrário de outras polêmicas divisoras, no caso das queimadas há um consenso meio assustador: ninguém questiona o brutal aumento do fogo devastador neste ano em regiões diversas do Brasil, com destaque para a Amazônia (+ 51%) e o Cerrado (+30%).

Só no mês de julho, o aumento foi de 66% (Instituto Imazon) ou de 278% (Inpe). Quase que não importa se de um ou de outro, os índices são de chorar. Ou de rir, como muitos devem estar fazendo.

Com qual recurso os focos de incêndio estão sendo combatidos? Com o do Fundo Amazônia, aquele mesmo que nosso presidente torceu o nariz e disse não precisar.

Cortamos verbas de todos os ministérios, por necessidade de ajustes e economia, mas ironizamos a existência de um fundo de bilhões de dólares cujo objetivo único é preservar a floresta amazônica.

Agora há pouco li no jornal sobre o programa do governo estadual de limpeza dos rios Pinheiros (até 2022) e do Tietê (até 2029). Sempre sonhei com São Paulo tendo estes dois rios navegáveis, com lazer nas margens e barcos transportando pessoas como mais uma alternativa de locomoção em nossa congestionada cidade. Vários projetos foram feitos e iniciados, dezenas de bilhões já foram investidos nesse propósito, e até hoje nada aconteceu do que foi prometido. Mas continuo acreditando.

Juntando os dois fatos, quero apenas ressaltar que, embora recursos sejam fundamentais, se não houver vontade política, se não existir um verdadeiro compromisso com a população, se não enxergar a urgência de proteger as matas e as águas, inútil discutir quem tem razão e de quem é a culpa. Será tarde demais. Não quero acreditar nisso.

 

Boa leitura. Abraços.

Samuel Seibel.