Afetos e memória

Baal, novo romance de Betty Milan, focaliza as lutas, os sonhos e o trabalho dos imigrantes

*Matéria publicada na revista Vila Cultural Edição 182 (Junho/2019)

Betty Milan. Foto Lailson Santos/Divulgação

A escritora e psicanalista Betty Milan autografa dia 18 de junho, na loja da Lorena, o romance Baal (Record), uma história familiar que se dá com a narrativa póstuma do protagonista Omar, que veio do Oriente Médio para o Brasil, onde constrói um marco de sua cultura até que o dinheiro corrompe os seus descendentes. Para lançar o livro, Betty participa de uma conversa com os jornalistas Patrícia Mello e Manuel da Costa Pinto.

O livro é sobre as lutas, o suor e o trabalho dos imigrantes. É também sobre o preconceito das próprias raízes e a falta de gratidão aos antepassados. A trama sugere que a memória é a condição da paz e rememorar é um dever. Depois de atravessar o oceano para fugir da guerra, o patriarca Omar enfrenta no Novo Mundo dramas muito piores do que os dias em alto mar. Ele inicia uma jornada de preconceito, desvalorização e uma nova profissão, a mascatagem, além de ver novamente eclodir a guerra, só que agora no seio da própria família.

O panorama que Betty descreve, ela admite, é visceral: o homem que chega de outro país determinado a conquistar a própria fortuna, contraria todas as estatísticas e consegue seu objetivo. Constrói sua vida, sua família e seu templo, uma joia do Oriente no Ocidente, para sua filha única, Aixa, e a família dela. Após a morte de Omar e a chegada dos seus netos à vida adulta, o mundo perfeito começa a ruir, assim como Baal – uma obra-prima –, sua casa e refúgio de tantos compatriotas do Oriente. É nesse momento que Betty coloca todos os sentimentos de seu protagonista.

Autora de diversos romances, ensaios, crônicas e peças de teatro, Betty tem livros publicados na França, Espanha, Portugal, Argentina e China. A escritora colaborou com os principais jornais brasileiros e foi colunista da Folha de S. Paulo e da revista Veja. No ano passado, Betty foi convidada por universidades americanas para falar sobre a diáspora, tema sobre o qual já se debruçou em sua obra. Antes de se tornar escritora, Betty se formou em Medicina pela Universidade de São Paulo e se especializou em Psicanálise na França, com Jacques Lacan.

“Nasci para escrever, mas fui para a Medicina afim de satisfazer o desejo dos meus pais. Na minha geração, era preciso fazer uma profissão liberal. Depois, eu dei um primeiro drible neles indo para a Psicanálise. Mas eu não me contento só com a escuta, preciso escrever”, disse Betty em uma entrevista à Vila Cultural.

 

 

LANÇAMENTO
Livro: Baal (Record), de Betty Milan
Loja: Lorena
Quando: dia 18 de junho a partir das 19h