Bola pra frente, vida que segue

por Samuel Seibel

*Editorial publicado na revista Vila Cultural 168 (abril/2018)

Nunca imaginei que a nossa perguntinha básica quando encontramos um velho ou novo conhecido – “e aí, tudo certo?” – fosse ser entendida da forma mais literal e chata possível. De um simples gesto de quebrar o gelo e iniciar um papo, passamos à condição de ouvinte involuntário de alguém que resolve, de fato, dizer que “não, nada está certo”, e que pelos próximos muitos minutos irá explicar em detalhes porque as coisas não estão bem.

Não faltam motivos para este estado de espírito. As notícias não dão mesmo margem a outro sentimento que não o de frustração, tristeza e uma certa desesperança.

Olha eu aqui iniciando o meu lamento sem ninguém ter me perguntado como eu estava. Nem precisou. Reconheço a minha parcela de chatice nesse grupo de, talvez, 200 milhões de brasileiros.

Mas vamos mudar de cenário e fazer uma visita a um parque público em dia de sol. Desvie das bicicletas e corredores e aproxime-se dos lugares frequentados pelas crianças. Cinco minutos são suficientes para que aqueles gritinhos, risadas e sorrisos limpem a sua cabeça e renovem as perspectivas de um mundo melhor.

Cada pai, cada avô (por favor, mães e avós igualmente incluídas) tem a obrigação de ajudar a construir esse mundo melhor para nossos filhos e netos. Apagar a luz do aeroporto, caso seja o último a sair, não é solução. Pelo menos não enxergo dessa maneira.

É dentro de nossas “quatro linhas” que o jogo acontece. Não é admissível imaginar que vamos perder a peleja contra times tão medíocres quanto mal-intencionados que teimam em participar do campeonato.

Bola pra frente, sem lamúrias, sem mi-mi-mi.

Boa leitura. Abraços.

Samuel.