Mundo encantado

O escritor e ilustrador australiano Stephen Michael King lança O urso de todas as cores na loja da Lorena

O urso de todas as cores, lançamento da editora Brinque-Book, vai garantir uma presença mais que especial na loja da Lorena no sábado, dia 10 de novembro. Dos mais cativantes artistas do mercado editorial para o público infantojuvenil, o australiano Stephen Michael King, cujo traço é imediatamente reconhecido em vários países do mundo, aceitou o convite para participar da 64ª Feira do Livro de Porto Alegre e aproveita sua primeira passagem pelo Brasil para dar o ar da graça na Livraria da Vila.
Michael King publicou seu primeiro livro, O homem que amava caixas, em 1996, no qual tratava da dificuldade de expressar sentimentos. Com delicadeza e sensibilidade raras, iniciou uma carreira brilhante. De lá para cá publicou mais de 40 livros, que fazem sucesso no mundo todo. Em O urso de todas as cores, em que volta a tratar afetos familiares e relacionamentos na infância, o argumento é o de uma fábula cativante, com um grande urso branco que volta para casa depois de uma longa viagem à cidade, e se joga na brincadeira com os filhotes. Entre um pega-pega e o esconde-esconde, ele adormece e, ao acordar, percebe que seu corpo está coberto de desenhos e cores, que saem quando ele entra no mar gelado. A questão é que o fenômeno vai se repetir vezes seguidas. Ele dorme branco e acorda todo colorido, num exercício de imaginação irresistível.
Filho de mãe professora e de um pai que precisou se alfabetizar sozinho, Stephen Michael King criou, com sua obra, um universo tão rico quanto divertido e irreverente, além de muitíssimo colorido, claro. “Minha mãe às vezes me lembra que eu costumava redesenhar as ilustrações das obras que eu não tinha gostado, refazendo de acordo com o que eu imaginava que elas tinham de ser”, disse Michael King na entrevista exclusiva que concedeu ao blog da Brinque-Book, que publica os títulos do australiano no país. Leia trechos da conversa (cuja íntegra está em blog.brinquebook.com.br).

INFÂNCIA COM LIVROS
“Cresci numa casa repleta de livros. Não tínhamos muito dinheiro, mas sempre tivemos muitos livros. Minha mãe era professora e, por um tempo, foi diretora escolar. Meu pai aprendeu a ler sozinho, aos 21 anos. Ele conseguiu aprender o suficiente para ler autonomamente, mas nunca leu um romance inteiro. Meus pais se conheceram, se apaixonaram, e minha mãe o introduziu no mundo das histórias. Quando meu irmão e eu nascemos, meu pai não quis que perdêssemos a beleza dos livros. Ele lia para a gente todas as noites, às vezes inventando histórias, às vezes relendo nossas obras preferidas de novo e de novo e de novo.”

A ALEGRIA DA BELEZA
“Acredito que meu trabalho seja fazer livros os mais lindos que eu puder, para atrair as pessoas para dentro das minhas histórias. Meu pai me inspirou quando eu era um garoto. A hora de dormir era a melhor porque ele não estava ocupado trabalhando ou pensando em contas e em outras coisas de adulto. Nós simplesmente compartilhávamos histórias. Juntos. Minha mãe sempre dizia que os livros são a passagem para tudo: aprendizado, arte, aventura. Não sei sobre o Brasil, mas acredito que se pais e avós encontrarem tempo e espaço para lerem para suas crianças, possibilidades ilimitadas podem se desdobrar.”

MELHOR COMUNICAÇÃO
“Meu pai sempre dizia que eu adorava deixar marcas. Tudo o que eu precisava era de um graveto na terra ou de lápis e papel. Minha mãe e meu pai queriam que eu fosse um grande leitor. Vendo tantos livros quando criança, me apaixonei por essa arte. Quando pequeno, me lembro de tocar no desenho impresso no livro e, depois, esfregar os dedos, como seu eu tivesse tocado em um desenho ‘real’. Eu sofri uma perda de audição que começou quando estava no primeiro ou segundo ano do fundamental. Recebi um aparelho auditivo aos 13 anos. Todo esse período em que não ouvi fez com que a literatura escrita e ilustrada se tornasse minha forma de comunicação preferida.”

O PRAZER DE DESENHAR
“Gosto de trazer ao mundo algo que não tenha sido visto antes. Cada desenho é como uma planta, que cresce da semente. Fico muito feliz por estar contribuindo, um pouco que seja, com as crianças, com seus pais, com o mundo. Nesta tarde, estou plantando duas plantinhas em um jardim próximo de casa. Vou regá-las e nutri-las. Fazer um desenho é parecido. Nutro uma ideia, ajudo a fazê-la crescer e adoro vê-la em plena floração.”

A VOZ DO CORAÇÃO
“Quando eu visito escolas, os alunos frequentemente me perguntam sobre como eu começo [um livro], como acho o final ou como sei quando acabar. Minha resposta é sempre a mesma: se estou me fazendo essas perguntas, então estou no caminho errado. Em primeiro lugar, preciso pensar o que estou tentando dizer, então tenho que pensar no que é que eu quero dar ao mundo. Desse modo, geralmente encontro algo que me faça sentir profundo. Quando sinto algo no meu coração e sei o que quero dizer ao mundo, então a história se encontra. Uma vez que encontro o coração, tenho muito pouco trabalho: eu só brinco, e a história se desdobra.”

DISCIPLINA CRIATIVA
“Sempre tive rotina, mas, agora, com 55 anos, fico feliz em poder dormir quando estou cansado. Crio uma rotina sempre que começo um novo projeto, mas mesmo isso varia agora que sou mais velho. Durante o inverno, trabalho mais dentro de casa, durante o dia, quando está quentinho. No verão, prefiro trabalhar pelas manhãs, no estúdio, antes que o dia fique muito quente. Os projetos ganham vida própria, e eu estou sempre muito animado para trabalhar neles tanto quanto eu consigo. Equilibro meu trabalho com muito tempo com família e amigos. Família é prioridade.”

TUDO MUITO SIMPLES
“Eu mudei de técnicas ao longo dos anos, mas é sempre uma coisa de cada vez, passo a passo. Não gosto de usar um monte de técnicas. Se alguma coisa está capturando a emoção e se tudo o que preciso fazer é desenhar e pintar, perfeito. Agora, eu trabalho a maior parte do tempo no computador, mas tudo ainda é escrito à mão, pintado à mão e todas as texturas são feitas com tinta, à mão.”

 

 

LANÇAMENTO
Livro: O urso de todas as cores (Brinque-Book), de Stephen Michael King
Loja: Lorena
Quando: dia 10 de novembro, às 15h (confira no site da Livraria da Vila as regras para participar do evento)