Organizado por Eros Grau, livro traz textos sobre jornalista e militante que foi um grande pensador político do país
*Matéria publicada na revista Vila Cultural edição 191 (Março/2020)
Se ainda estivesse por aqui, o jornalista Armênio Guedes, um dos fundadores do Partido Comunista Brasileiro e figura das mais emblemáticas na cena política brasileira, seria um adorável cidadão centenário a caminho dos 102 anos, que ele completaria em maio. Guedes morreu há cinco anos, no dia 12 de março de 2015, mas segue presente na memória de seus amigos e ganha uma homenagem à altura de sua personalidade com o lançamento, pela Globo Livros, de Nosso Armênio — Memórias e histórias de Armênio Guedes, coletânea que junta textos de vários autores e foi organizada pelo ex-ministro Eros Grau, que autografa o livro dia 17 na loja da Lorena.
O livro traz textos assinados por familiares, companheiros, amigos e admiradores que relembram momentos, anedotas e histórias que marcaram a vida do jornalista e militante. “Mais do que comunista, sou um defensor da liberdade”, costumava dizer Armênio Guedes, uma das mentes mais geniais na reflexão sobre os rumos da política brasileira no século 20 e seus caminhos neste conturbado início de milênio.
Nascido em 1918 e filiado ao Partido Comunista entre 1935 e 1982, Armênio testemunhou diversos movimentos culturais e políticos do Brasil no último século. Ele era um crítico ferrenho de qualquer forma de fascismo e de ameaça às liberdades individuais, tanto que mesmo entre os “camaradas comunistas” criava polêmica ao defender sempre o debate de ideias e também por criticar o stalinismo após tomar conhecimento dos crimes cometidos pelo regime soviético.
Nomes como Elio Gaspari, Juca Kfouri, Milton Temer, Zelito Viana e o próprio Eros Grau assinam alguns dos textos do livro. Tudo para relembrar as ideias, o senso de humor afiadíssimo, o gosto pelos prazeres da vida e a luta incansável pela liberdade e pela democracia de um homem que, mais do que uma das figuras mais memoráveis e queridas da história social e política e brasileira, é um exemplo de capacidade de diálogo, perspicácia e gentileza, talentos tão raros nesses tempos polarização no Brasil e no mundo.
“Armênio foi o homem que se tornou uma lenda da esquerda comunista porque se manteve fiel às suas convicções sem jamais entrar em confrontos. Ele não se enfurecia, mas era de uma firmeza inabalável. Participava de discussões políticas acaloradas sem jamais perder a elegância. Armênio não saía de sua mansidão, mas sabia ser veemente e irônico quando a ocasião exigia”, escreve a empresária e restauratrice Ida Maria Frank sobre o homenageado.
LANÇAMENTO
Livro: Nosso Armênio — Memórias e histórias de Armênio Guedes, o camarada sereno e cordial (Globo Livros), organização de Eros Grau, com texto de vários autores.
Loja: Lorena
Quando: dia 17 de março, às 19h – Evento Adiado (A nova data será anunciada em breve).