Agir para mudar

A política e ativista moçambicana Graça Machel abre este mês a temporada 2019 do Fronteiras do Pensamento

*Matéria publicada na revista Vila Cultural Edição 181 (Maio/2019)

Graça Machel. Foto Africa Progress Panel/Divulgação

Com conferências em Porto Alegre e São Paulo, respectivamente nos dias 13 e 15 de maio, a política e ativista moçambicana Graça Machel abre este mês a temporada 2019 do Fronteiras do Pensamento, cujo tema é Sentidos da vida. Em São Paulo, o evento acontece no Teatro Santander e promove, até o fim do ano, encontros mensais com grandes pensadores contemporâneos. Nomes como o do escritor norte-americano Paul Auster e do filósofo francês Luc Ferry estão confirmados.

Uma das mais importantes e respeitadas ativistas africanas, Graça Machel defende ações pela educação das crianças e pelo empreendedorismo de mulheres. Pela valorização das comunidades, ela fundou em 2010 a Graça Machel Trust, organização que auxilia mulheres empreendedoras no continente africano. Também integra o The Elders, grupo que reúne grandes líderes globais.

Viúva de Nelson Mandela, com quem se casou em 1988, Graça foi professora e lutou com a Frente de Libertação de Moçambique durante a Luta Armada da Libertação Nacional, a Guerra da Independência de Moçambique (1964-1975). Em 1976, casou-se com Samora Machel e se tornou a primeira-dama do país, atuando como ministra da Educação e Cultura no governo moçambicano por 14 anos. Após a morte do marido, em 1986, seguiu com a atividade política e em 1990 foi nomeada pela Organização das Nações Unidas – ONU para o estudo intitulado Impacto dos Conflitos Armados na Infância. Por este trabalho, recebeu em 1995 a Medalha Nansen da Agência da ONU para Refugiados. Entre as suas condecorações estão o Prêmio Kora Lifetime Achievement, o World Prize for Integrated Development e a World Health Organisation – WHO Gold Medal, mais alta honraria da Organização Mundial de Saúde – OMS.

“Contribuir para organizar mulheres, jovens, pessoas que se concentrem em melhorar as condições de vida das crianças não é uma coisa extremamente complicada. E não somos só nós que estamos fazendo isso. Aqui mesmo existem várias iniciativas muito bem-sucedidas, mas sabe qual é o problema? São iniciativas pequenas, que são boas, mas o impacto seria muito maior se nós nos conectássemos. Volto a falar dos movimentos. Se as experiências que o Brasil e outros países da América Latina estão fazendo se transformassem num grande movimento, utilizando as ideias positivas que são desenvolvidas por diferentes grupos, quebrando a fragmentação, acho que poderíamos ter um grande impacto”, disse Graça em depoimento ao Fronteiras, em 2017, quando também esteve no Brasil.

“Há muitas pessoas boas trabalhando pelo bem-estar dos outros. O que está acontecendo é que se está trabalhando de uma maneira muito fragmentada, então temos que nos conectar. Se nos conectarmos, nós vamos fazer movimentos sociais que vão transformar efetivamente, vamos aprender uns com os outros e vamos ter melhores resultados”, afirmou.