*Editorial publicado na revista Vila Cultural Edição 182 (Junho/2019)
Se perguntarmos a um grupo de brasileiros – podem ser 10 pessoas ou 210 milhões – qual o maior problema que o aflige, teremos respostas diferentes. Claro que surgirão coisas em comum, mas a dor é sempre pessoal.
Mas se a pergunta se estender ao País – qual o maior problema que aflige o Brasil? –, muito provavelmente boa parte das respostas será a Educação. “Tudo passa pela Educação” virou consenso. Experiências como a da Coréia do Sul são relatadas como provas de que basta priorizar a Educação para alcançar o desenvolvimento e a diminuição de desigualdade do país, seja qual for a política adotada.
Isso é fato, não especulação. O que me chama a atenção, porém, é o pouco que se fala sobre os professores. Digo “pouco” em razão da importância dessa figura no processo de mudança através da Educação.
Quando criança, contaram-me, e nunca mais esqueci, que no Japão a única pessoa que não se curva ao imperador é o professor. Ao contrário, é o imperador que se curva a ele, tal o respeito que se tem àquele profissional.
Por aqui, ao longo de algumas décadas, ao mesmo tempo em que a qualidade da educação piorava, o professor via a sua atuação como formador deteriorar-se, perder o reconhecimento. Todos conhecem ou já ouviram falar de professores que até já apanharam de alunos.
Situações de medidas mais disciplinares por parte de professores encontram resistência nos pais dos alunos advertidos, desmoralizando a ação educativa do professor.
Ironicamente, impõe-se aos professores a tarefa de educação dos jovens, o que não é o seu papel. Isso precisa vir de casa, do exemplo. Não adianta nas viagens em família jogar o lixo no lixo, elogiar a preservação dos parques e florestas ou parar na faixa e aguardar pacientemente o pedestre atravessar quando no retorno à realidade o comportamento muda e tudo volta ao descompromisso com “essas bobagens”.
O professor talvez até consiga conscientizar algumas cabeças. Mas corre o perigo de tudo ser gravado, colocado no Instagram ou Facebook e ele ainda ser acusado de “fazer política em sala de aula”.
Apoiar a Educação. Apoiar o Educador. Aí a conta fecha.
Boa leitura. Abraços.
Samuel Seibel.