Nestes primeiros dias de maio acontece (ou já aconteceu) o oitavo Navegar é Preciso, projeto da Livraria da Vila, em parceria com a Auroraeco, que reúne escritores, músicos, atores e atrizes e público num encontro pelas águas do Rio Negro.
Entre a saída de Manaus, numa segunda, e o retorno, na sexta-feira, são cinco dias que congregam, dentro de um confortável barco, quase tudo que eu mais valorizo na vida: literatura, música, teatro, viagem, convivência, natureza, floresta (amazônica!!), sem a presença do agora “inseparável” celular.
Pouco depois de o barco zarpar, os sinais das operadoras vão pouco a pouco sumindo junto com as casas, prédios e a ponte da cidade. No começo, percebe-se um certo ar de preocupação nas pessoas. Como será possível sobreviver sem estar conectado, muitos devem se perguntar.
A resposta vem rápida. Que delícia tirar férias de verdade, entregar-se à beleza de um dos cenários mais incríveis do planeta e, principalmente, sentar-se junto a outros navegantes até então desconhecidos e simplesmente conversar.
Este clima atinge a todos, sem exceção.
Nos passeios pelos igapós, igarapés e pela floresta, na visita às comunidades, nas mesas de entrevistas com os autores, nos momentos de ouvir a atração musical ou assistir ao monólogo da atriz, percebemos como a vida pode ser mais simples, feliz e completa quando se sai da rotina normalmente massacrante de nosso dia a dia.
É claro que os assuntos estarão lá: eleição, candidatos, golpe/não golpe, bolsa, dólar, Corinthians, Copa e outras “trivialidades”.
Estarão lá, porém em outro astral, sem a mesma carga que nos pesa por termos esta ou aquela opinião, cuja revelação pode resultar de leve discussão a rompimento familiar.
Atribuído a Fernando Pessoa, “Navegar é Preciso, Viver não é Preciso” define o Brasil de hoje: Conduzir uma embarcação é uma ciência exata, não pode ter falhas; Viver, porém, não tem Precisão, ninguém sabe o que pode acontecer no dia de amanhã.
Portanto, vamos viver intensamente o dia de hoje.
Boa leitura. Abraços.
Samuel.
